sábado, junho 19, 2010

Intimidade

No coração da mina mais secreta,
No interior do fruto mais distante,
Na vibração da nota mais discreta,
No búzio mais convolto e ressoante,

Na camada mais densa da pintura,
Na veia que no corpo mais nos sonde,
Na palavra que diga mais brandura,
Na raiz que mais desce, mais esconde,

No silêncio mais fundo desta pausa,
Em que a vida se fez perenidade,
Procuro a tua mão, decifro a causa
De querer e não crer, final, intimidade.
José Saramago

sexta-feira, junho 18, 2010

Adeus, Saramago...

Como não há palavras para falar de Saramago, deixo aqui algumas das suas frases e recordo os livros que publicou.
Sugiro-lhe também que, clique aqui e reveja uma curta metragem, postada neste blogue, que teve como base o conto de José Saramago " A Maior Flor do Mundo". É um excelente filme de animação, narrado pelo Nobel da Literatura e que fala de um mundo dilacerado pelo desespero, pela falta de esperança e de ideais.

Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar.
José Saramago

Se tens um coração de ferro, bom proveito.
O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia.
José Saramago


É ainda possível chorar sobre as páginas de um livro, mas não se pode derramar lágrimas sobre um disco rígido
José Saramago, Nobel de literatura em 1998

Todos sabemos que cada dia que nasce é o primeiro para uns e será o último para outros e que, para a maioria, é só um dia mais.
José Saramago

Não sou um ateu total, todos os dias tento encontrar um sinal de Deus, mas infelizmente não o encontro.
José Saramago

Para temperamentos nostálgicos, em geral quebradiços, pouco flexíveis, viver sozinho é um duríssimo castigo
José Saramago

Não tenhamos pressa,
mas não percamos tempo.
José Saramago

O que as vitórias têm de mau é que não são definitivas. O que as derrotas têm de bom é que também não são definitivas.
José Saramago

Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.
José Saramago

Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos.
José Saramago

O espelho e os sonhos são coisas semelhantes, é como a imagem do homem diante de si próprio.
José Saramago

Cada dia traz sua alegria e sua pena, e também sua lição proveitosa
José Saramago

Fisicamente, habitamos um espaço, mas, sentimentalmente, somos habitados por uma memória.
José Saramago

Os lugares-comuns, as frases feitas, os bordões, os narizes-de-cera, as sentenças de almanaque, os rifões e provébios, tudo pode aparecer como novidade, a questão está só em saber manejar adequadamente as palavras que estejam antes e depois.
José Saramago

Há ocasiões que é mil vezes preferível fazer de menos que fazer de mais, entrega-se o assuntto ao governamento da sensibilidade, ela, melhor que a inteligência racional, saberá proceder segundo o que mais convenha à perfeição dos instantes seguintes.
José Saramago

"Há esperanças que é loucura ter. Pois eu digo-te que se não fossem essas já eu teria desistido da vida."
José Saramago em Ensaio Sobre a Cegueira.

O tempo é uma superfície oblíqua e ondulante que só a memória é capaz de fazer mover e aproximar.
José Saramago - O Evangelho segundo Jesus Cristo

Ao primeiro romance de Saramago, "Terra do Pecado" (1947) segue-se "Os Poemas Possíveis" (1966). Depois: "Provavelmente Alegria" (1970), "Deste Mundo e do Outro"(1971),"A Bagagem do Viajante"(1973), "O Ano de 1993" (1975) e "Manual de Pintura e Caligrafia (1977). Nos anos 1980 publica: "Levantado do Chão", "Que farei com este Livro?", "Viagem a Portugal", o "Memorial do Convento", "O Ano da Morte de Ricardo Reis", "A Jangada de Pedra", "A Segunda Vida de Francisco de Assis" e a "História do Cerco de Lisboa". "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" foi galardoado em 1992 com o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores. Em 1993, "In Nomine Dei" recebia o Grande Prémio de Teatro da Associação Portuguesa de Escritores.
Os "Cadernos de Lanzarote "saem em 1994 (Diário I) e 1995 (Diário II) e ainda em 1996 e 1997.
"Ensaio sobre a Cegueira" é publicado em 1995. Em 1997 é lançado o romance "Todos os Nomes". O quinto volume de "Cadernos de Lanzarote" chegará às livrarias em 1998. Em Novembro de 2005, José Saramago apresenta, em Lisboa, o romance "As Intermitências da Morte". Em 2008 e 2009 publica " A Viajem do Elefante e Caim", respectivamente.

"Eu, no fundo, não invento nada. Sou apenas alguém que se limita a levantar uma pedra e a pôr à vista o que está bor baixo. Não é minha culpa se de vez em quando me saem monstros".
José Saramago

Não poderia estar mais de acordo com Mário Cláudio quando referiu, após tomar conhecimento da morte de José Saramago: "Saramago vai durar o que durar a literatura portuguesa".

Elegia

A alegria da vida, essa alegria d'oiro
A pouco e pouco em mim vai-se extinguindo, vai...
Melros alegres de bico loiro,
Ó melros negros, cantai, cantai!

Ando lívido, arrasto o pobre corpo exangue,
Que era feito da luz das claras madrugadas...
Rosas vermelhas da cor do sangue,
Rosas abri-vos às gargalhadas!

Limpidez virginal, graça d'Anacreonte,
Mimo, frescura, força, onde é que estais?... não sei!...
Ó águas vivas, águas do monte,
Ó águas puras, correi, correi!

Eu sinto-me prostrado em lânguido desmaio,
E a minha fronte verga exausta para o chão...
Cedros altivos, sem medo ao raio,
Cedros erguei-vos pela amplidão!
Guerra Junqueiro, in 'Poesias Dispersas'

quinta-feira, junho 17, 2010

Coimbra do Choupal

Coimbra é uma cidade portuguesa que é a capital do Distrito de Coimbra (que tem 31 freguesias, 13 das quais urbanas ou maioritariamente urbanas). É a principal cidade da região Centro de Portugal e conta com cerca de 135 314 habitantes (2008). A cidade de Coimbra é banhada pelo rio Mondego e é considerada uma das mais importantes cidades portuguesas quer devido às suas infraestruturas quer à sua importância histórica e privilegiada posição geográfica na região centro. É um centro urbano de ruas estreitas, pátios, escadinhas e arcos medievais. Coimbra foi o berço de nascimento de seis reis de Portugal, da primeira dinastia, assim como da primeira universidade do país e uma das mais antigas da Europa. Foi também capital do reino e tem como padroeira a Rainha Santa Isabel. No século XII, Coimbra apresentava já uma estrutura urbana, dividida entre a cidade alta, designada por Alta ou Almedina, onde viviam os aristocratas, os clérigos e, mais tarde, os estudantes, e a Baixa, do comércio, do artesanato e dos bairros ribeirinhos. Desde meados do século XVI que a história da cidade passa a girar em torno da história da Universidade de Coimbra. A primeira metade do século XIX traz tempos difíceis para Coimbra, com a ocupação da cidade pelas tropas de Junot e Massena, durante as invasões francesas e, posteriormente, com a extinção das ordens religiosas. No entanto, na segunda metade de oitocentos, a cidade torna a recuperar o esplendor perdido. É só no século XIX que a cidade se começa a expandir para além do seu casco muralhado. Com a Universidade como referência inultrapassável, desta surgem movimentos estudantis, de cariz quer político, quer cultural, quer social. Da Univesidade surgiram e resistem ainda hoje em plena actividade, primeiro o Orfeon Académico de Coimbra, em 1880, o mais antigo coro do país, a própria Associação Académica de Coimbra, em 1887, e a Tuna Académica da Universidade de Coimbra, em 1888. Com o passar dos anos, inúmeros outros organismos foram surgindo. Com presença em três séculos e um peso social e cultural imenso, o Orfeon Académico de Coimbra representou o país um pouco por todo o mundo, em todos os continentes, levando a música coral portuguesa e o Fado de Coimbra a todo o mundo. Cidade historicamente ligada aos estudantes, conta actualmente com perto de 30 mil, grande parte dos mesmos de fora da cidade. A vida estudantil tem contribuído para o desenvolvimento de uma vida social, política e cultural intensa que tem passado pelo fado de Coimbra, pela serenata monumental, pela Queima das Fitas, pala "cabra" da velha torre, pelas Repúblicas estudantis, pelas praxes, pelo traje académico, pelas tricanas, pelos lentes e futricas, pelos caloiros e veteranos, pelas lutas académicas e movimentos estudantis, pela Igreja de Santa Cruz, pelo Hilário, pelo Zeca Afonso, pelo Menano, pelo Adriano Correia de Oliveira, pelo Luís Cília,etc, etc.
Aprecie, agora, o vídeo que escolhi para hoje e que mostra uma serenata em Coimbra, com o fado À Meia Noite, ao Luar.

quarta-feira, junho 16, 2010

Nha Terra é Sabi!



Cabo verde é terra de emigrantes. É uma pequeno país mas, tamanho não é nada, basta lembrarmo-nos da história de David e Golias! Não temos ouro nem diamantes, mas também não temos guerra nem corrupção. Em Cabo Verde toda a gente vive feliz com o pouco que tem e quando chove toda gente fica contente, acima de tudo somos um povo muito unido.
Nha terra é Sabi!
Djeisson Mendonça - 12º B


Cabo Verde é também um país de boa e variada música. Mornas, coladeiras e funánás fazem parte do património musical deste país. De um modo muito resumido, pode-se dizer que a música cabo-verdiana resulta de elementos musicais europeus (sobretudo de origem portuguesa) aos quais se sobrepõem elementos musicais africanos.
Depois da independência, houve um ressurgir destes géneros musicais, mas também novas experiências têm sido feitas conferindo à música cabo-verdiana características únicas.
Como géneros musicais genuinamente cabo-verdianos podem-se mencionar o batuque, a coladeira, o funaná, a morna e a tabanca. De entre outros géneros que embora não sendo originários de Cabo Verde ganharam características próprias são o lundum, a mazurca e a valsa. Há, também em Cabo Verde, a influência de música estrangeira como a bossa nova, a cúmbia, o hip-hop, o reggae, a rumba, o samba, o zouk, etc.

Como compositores fundamentais da música cabo-verdiana não poderia deixar de referir, entre outros: B. Leza, Paulino Vieira, Betú, Frank Cavaquim, etc.
Quanto a intérpretes há nomes inesquecíveis: Ana Firmino, Bana, Travadinha, Luís de Morais, Celina Pereira, Dany Silva, Kiki Lima, Lura, Paulino Vieira, Tito Paris, etc. Gostaria ainda de destacar os seguintes grupos musicais: Finaçon, Os Tubarões, Raíz di Funaná, e Voz de Cabo Verde, entre outros.

terça-feira, junho 15, 2010

Celebrar em Festa…Um Ano de Trabalho!

O culminar de um ano de intenso trabalho de alunos, encarregados de educação, professores e funcionários, aconteceu no dia 27 de Maio com O Dia da Escola. O envolvimento de todos foi fundamental para o sucesso desta iniciativa.
A escola é um local de aprendizagem, frequentemente, feita dentro das salas de aula. Mas, a aprendizagem pode e deve ser feita noutros espaços e servir-se de diversos meios, instrumentos, técnicas e expressões. As visitas de estudo, as idas ao teatro e ao cinema, o assistir a palestras, o participar/organizar debates, o participar e concorrer a projectos são outras importantes e fundamentais maneiras de se aprender.
O Dia da Escola serve exactamente este fim. É uma forma de se aprender de outro modo: aí aprende-se com o exemplo, o relato e a demonstração… apercebendo-se do trabalho que alunos e professores desenvolveram ao longo do ano.
Os diferentes pavilhões da escola engalanaram-se e mostraram actividades diversas sobre o ambiente, a cidadania, as artes, a saúde e as multi-actividades. Houve teatro, projecção de filmes e apresentações em "power point", karaoke, jogos de Matemática, "peddy paper", etc. E foram muitas as exposições:
• saúde, actividades desportivas, alimentação, sexualidade, Conhecer os Outros, Holocausto, bairros problemáticos, integração social, espécies vegetais (na estufa), reciclagem e eficiência energética, etc.
Houve palestras organizadas quer por encarregados de educação quer por diversas instituições de Ensino Superior da cidade. Houve música e danças africanas, houve passagem de modelos do grupo de alunos que concorreu ao projecto “Reutilizar é Fashion” e entrega de prémios aos que se distinguiram ao longo do ano em diversas actividades e áreas e aqueles que se distinguiram pelo seu desempenho nas actividades que integravam o próprio Dia da Escola (do "karaoke" ao "peddy papper"). Prémios só tornados possíveis pela colaboração da Junta de Freguesia do Lumiar e de outros patrocinadores.
Deve aqui ser sublinhada a participação activa de alunos e professores em diversos projectos (com repercussão interna e externa): Eco-Escolas; Entre Palavras, "Monit", "Twist"; "Reutilizar é Fashion", PES, CEF de Jardinagem (limpeza da Estufa) e de Carpinteiros de Limpos (exposição de trabalhos e colaboração na manutenção das instalações da escola). Estão todos de parabéns, porque a Escola é também um espaço de Cidadania.
O Dia da Escola começou com o hastear da Bandeira Verde do Projecto Eco-Escolas e terminou com a pequena peça de teatro, oferecida à escola pela Junta de Freguesia do Lumiar, através do grupo CAFO. Sem esquecer o lanche (oferecido pela Comissão provisória da Associação de Pais) e a apresentação de um grupo da Tuna Académica da Universidade Nova de Lisboa.
Participaram também neste dia, o Presidente da Junta de Freguesia do Lumiar, a Dr.ª Isabel Pereira (vogal da Educação da Junta), os idosos da Carmoteca (Igreja da Nª Sr.ª do Carmo) e crianças da Escola Primária e ainda representantes do Colégio de Santa Doroteia e da Escola Lindley Cintra. Porque a Escola é também um Espaço Aberto à Comunidade.
Mas foi também um verdadeiro dia de Festa. Porque a Escola também deve ser um espaço de alegria.
A todos os que contribuíram, de forma mais ou menos anónima para que este dia fosse um sucesso, os nossos parabéns e o nosso muito obrigado. Porque todos somos a Escola.


segunda-feira, junho 14, 2010

As Coisas

A bengala, as moedas, o chaveiro,
A dócil fechadura, as tardias
Notas que não lerão os poucos dias
Que me restam, os naipes e o tabuleiro.
Um livro e em suas páginas a seca
Violeta, monumento de uma tarde
Sem dúvida inesquecível e já esquecida,
O rubro espelho ocidental em que arde
Uma ilusória aurora. Quantas coisas,
Limas, umbrais, atlas, taças, cravos,
Nos servem como tácitos escravos,
Cegas e estranhamente sigilosas!
Durarão para além de nosso esquecimento;
Nunca saberão que nos fomos num momento.
Jorge Luis Borges (É considerado o maior poeta argentino e, sem dúvida, um dos mais importantes da América Latina).

domingo, junho 13, 2010

Cheira Bem, Cheira a Lisboa...

Junho é o mês dos Santos Populares (13 é dia de Santo António, 24 de São João e 29 de São Pedro). Lisboa está em festa. Há concertos e há espectáculos. Os arraiais populares acontecem por toda a cidade.
Nos bairros populares (Alfama, Madragoa, Bica, Mouraria, Castelo, etc.), tal como manda a tradição, não faltam a sardinha assada, o caldo verde, o pão com chouriço, os manjericos, o vinho tinto, a música e muita animação.
O santo padroeiro da cidade de Lisboa é São Vicente. Contudo, talvez porque o dia da cidade ocorra a 13 de Junho, dia de Santo António (santo casamenteiro), este seja o santo mais festejado.
Em Lisboa, celebra-se a faceta de casamenteiro deste santo de 12 para 13 de Junho. A tarde de dia 12 é a tarde do casamento das noivas de Santo António.
A noite de Santo António é uma noite de grande alegria. Decoram-se as ruas com arcos e balões de papel às cores. Há bailaricos nos pequenos largos e praças dos bairros mais populares.
Um dos outros pontos altos das Festas de Santo António são as Marchas Populares, que representam os diversos bairros lisboetas. Este acontecimento leva milhares de espectadores á Avenida da Liberdade.
As Marchas Populares são uma antiga tradição portuguesa, que decorre a 12 de Junho. Pensa-se que, em Lisboa, já se realizavam marchas no século XVIII. Contudo, as Marchas Populares de Lisboa, tal como as conhecemos hoje, remontam a 1932, tendo-se transformado num dos grandes acontecimentos das festas da cidade de Lisboa.
Depois dos desfiles na avenida, a festa acaba nos arraiais montados nos mais típicos bairros de Lisboa, em especial em Alfama e na Madragoa, onde o centro das celebrações é a sardinha assada, os pimentos, o vinho tinto e a sangria.
Lisboa hoje está em festa. Assista agora ao vídeo que escolhi para hoje, onde na voz de Amália Rodrigues, pode ouvir uma das mais bonitas marchas sobre Lisboa: Cheira Bem, Cheira a Lisboa.